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domingo, 3 de abril de 2011

Literatura de Cordel e Literatura Oral

História da Literatura de Cordel no Brasil e na Europa, sua utilização na pedagogia e na propaganda, conheça os grandes cordelistas, artigos, cordéis, cultura popular nordestina, xilogravura.

O que é e origem 

A literatura de cordel é uma espécie de poesia popular que é impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura. Também são utilizadas desenhos e clichês zincografados. Ganhou este nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.

Chegada ao Brasil 

A literatura de cordel chegou ao Brasil no século XVIII, através dos portugueses. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar este tipo de literatura, principalmente na região Nordeste do Brasil. Ainda são vendidos em lonas ou malas estendidas em feiras populares.

De custo baixo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores. Fazem grande sucesso em estados como Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba e Bahia. Este sucesso ocorre em função do preço baixo, do tom humorístico de muitos deles e também por retratarem fatos da vida cotidiana da cidade ou da região. Os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, política, secas, disputas, brigas, milagres, vida dos
cangaceiros, atos de heroísmo, milagres, morte de personalidades etc.

Em algumas situações, estes poemas são acompanhados de violas e recitados em praças com a presença do público. 

Um dos poetas da literatura de cordel que fez mais sucesso até hoje foi Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Acredita-se que ele tenha escrito mais de mil folhetos. Mais recentes, podemos citar os poetas José Alves Sobrinho, Homero do Rego Barros, Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva), Téo Azevedo. Zé Melancia, Zé Vicente, José Pacheco da Rosa, Gonçalo Ferreira da Silva, Chico Traíra, João de Cristo Rei e Ignácio da Catingueira.

Vários escritores nordestinos foram influenciados pela literatura de cordel. Dentre eles podemos citar: João Cabral de Melo, Ariano Suassuna,
José Lins do Rego e Guimarães Rosa.

Literatura Oral 

Faz parte da literatura oral os mitos, lendas, contos e provérbios que são transmitidos oralmente de geração para geração. Geralmente, não se conhece os autores reais deste tipo de literatura e, acredita-se, que muitas destas estórias são modificadas com o passar do tempo. Muitas vezes, encontramos o mesmo conto ou lenda com características diferentes em regiões diferentes do Brasil. A literatura oral é considerada uma importante fonte de memória popular e revela o imaginário do tempo e espaço onde foi criada.

Muitos historiadores e antropólogos estudam este tipo de literatura com o objetivo de buscarem informações preciosas sobre a cultura e a
história de uma época. Em meio a ficção, resgata-se dados sobre vestimentas, crenças, comportamentos, objetos, linguagem, arquitetura etc.

Podemos considerar como sendo literatura oral os cantos, encenações e textos populares que são representados nos folguedos.

Exemplos de mitos, lendas e folclore brasileiro: saci-pererê, curupira, boto cor de rosa, caipora, Iara, boitatá,
lobisomem, mula-sem-cabeça, negrinho do pastoreio.

Literatura de Cordel Sergipana
Dois Cordelistas Sergipanos

Apresentamos neste quadro duas pequenas bio-bibliografias de dois dos mais atuantes cordelistas sergipanos da atualidade: João Firmino Cabral, sexagenário e experimentado nas rimas do cordel fiel a tradição da cultura nordestina. E José Antonio dos Santos, que cria seus livretos inspirados na realidade social brasileira e na militância dos movimentos sociais.

João Firmino Cabral

João Firmino Cabral é filho de Itabaiana / SE e escreve livros de cordel a 45 anos. Já publicou mais de 58 obras do gênero. No ano de 1976 ganhou o primeiro prêmio do concurso de literatura de cordel da Universidade Federal de Pernambuco; em 1978 recebeu prêmios de literatura de cordel da Caixa Econômica Federal, dos SESC e SENAC; em 1982 ganhou a medalha de menção honrosa da Universidade de Campina Grande. Em 17 de março de 2001 foi condecorado pelo prefeito de Aracaju com a medalha do Mérito Cultural Inácio Barbosa.

Atualmente João Firmino possui uma banca no mercado Antonio Franco, na qual vende livretos de cordel de sua autoria e de outros escritores. Além da banca no mercado o escritor vende suas obras em escola de Aracaju quando é convidado para dar palestras sobre a literatura de cordel.

As principais obras de João Firmino são:

  • A vingança de um inocente;
  • Amor e martírio de uma escrava;
  • A revolta de um escravo;
  • O mostro sem alma;
  • Os heróis do destino e o monstro da mata escura;
  • O pistoleiro vingador;
  • As lutas de Jurandir e o amor de Lucimar;
  • A feira do pobre no tempo da carestia;
  • A prisão dos pistoleiros de Santa Brígida;
  • A morte do coroné Ludugero;
  • Os martírios de um professor;
  • É crime não saber ler;
  • A saga de lampião;
  • O exemplo da moça que dançou lambadão no inferno;
  • A coragem de um vaqueiro em defesa do amor;
  • A profecia do jumento que falou no Nordeste;
  • O exemplo do ateu e o vaqueiro que tinha fé em Deus;
  • O encontro de Lampião com o coronel Pinga-Fogo
José Antonio dos Santos


José Antonio dos Santos nasceu em Oiteiros , povoado de Moita Bonita /SE filho de pequenos agricultores. É licenciado em História pela U.F.S. professor da rede pública estadual. Além de militante de movimentos populares.

Zé Antonio tem proferido palestras sobre Literatura de Cordel em escolas das redes públicas e particular de ensino. Em 1999 recebeu o prêmio Albert de Cultura, do colégio Albert Einstein ( atual Colégio Intellectus).

Como poeta popular já publicou mais de 35 obras, entre as quais se destacam:

  • O sofrimento do nordestino;
  • O guerreiro de Belo Monte;
  • A história de uma mulata que teve um filho sobrinho;
  • A história do fazedor de marajás;
  • A história do homem da floresta;
  • A história do ouro negro de um reino tropical;
  • O peão da construção;
  • Lampião : O guerreiro do sertão;
  • A história do padre Cícero e os coronéis do Cariri;
  • O mito da independência e o estouro do caldeirão;
  • A história do plebiscito: golpe ou transformação;
  • A história do movimento estudantil no Brasil;
  • O movimento Diretas-Já na história do Brasil;
  • O plano FHC e o regime do terror;
  • 500 anos de história da dominação do Brasil;
  • A exploração do Brasil e os efeitos da dívida externa;
  • Preserve a água: fonte da vida;
  • O manifesto comunista (comentado em cordel);
  • O império colonial na ALCA alça a América.
Fontes pesquisadas:

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