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sexta-feira, 1 de abril de 2011

É DIFÍCIL DIZER, MAS É DESESTIMULANTE LABORAR NA EDUCAÇÃO EM PIRAMBU

Por vários anos enfrentei paus e pedras, desbravei caminhos perigosos para encontrar um lugar ao sol e me preparar para dar sustento a minha prole e constituir uma base para a velhice.  A lida na roça foi ficando cada vez mais difícil e optei por pleitear uma vaga no serviço público. Comecei pela Secretaria da Saúde/Pirambu até chegar à educação, graças a estímulos de professores (Nataniel, Tereza Cariri) dos cursos supletivo e Projeto Somem. De lá pra cá, vários obstáculos foi superados, pau-de-arara, preconceito, estradas perigosas, faculdade lá nos cafundó, fome, sede, pais debilitados, dívidas, filhos, descrença das chefias, falta de reconhecimento, assédio moral, enfim, um leque de dificuldades que com certeza se assemelha a realidade de muitos outros companheiros.
Mas, apesar desse vale de lágrimas, cheguei ao espaço para o qual me preparei por vários anos, a educação. Comecei no Povoado Alagamar (Escola XV de Novembro), terra de gente hospitaleira, não me esqueço da era das almôndegas com arroz branco e farinha. De Alagamar, segui em direção a Pirambu fiz uma parada em Aguilhadas (Escola Antônio Silvino Araújo) e estacionei na Escola Mário Trindade Cruz.
Nessa trajetória, experimentei o pão que o diabo amassou, ganhei apelido (cara de mosquito, rs,rs,rs), fui chamado de analfabeto, e assim se passaram quase quinze anos. Outro dia parei pra pensar... O que eu consegui construir nesses anos de trabalho? Comecei a computar meus bens e................... Espere, é que eu não consegui localizar meu legado, fruto do meu suor. É verdade! Dar até pra rir, mas é verdade, vejam: Num checape de rotina o médico disse que estou com colesterol auto demais (rs,rs,rs), o stress está elevadíssimo, sofro com dores nas articulações, insônia, os rins estão blefando, os cabelos brancos já começam a aparecer e o patrimônio físico, não sei onde está. Moro de aluguel, e aí alguém pode falar: venda o carro a compre uma casa, e eu posso responder: em Pirambu é mais fácil comprar um carro do que uma casa, pois os imóveis não têm escritura para financiar pela Caixa. É, só assim que o trabalhadaor pode ter um teto. Talvez você esteja achando chata essa leitura, mas, considere como um desabafo. É nesse período que a gente como educador começa a sentir o peso das maldades que alguns representantes do serviço público fazem com a gente.
Confesso! Não me sinto estimulado para continuar trabalhando no serviço público em Pirambu, fato que evito falar em público, mas, não dar para ficar calado. O que o poder público municipal vem fazendo, é pressionar as pessoas a pedirem demissão e se mandarem daqui. Chegou ao máximo a mania de perseguição e os cortes nos salários dos professores já é uma prática comum por aqui. Sabemos que o professor tem direito de faltar ao serviço para fazer um tratamento médico, estudar ou resolver questões de cunho pessoal e de repor as aulas no período de até 30 dias. Mas, a preocupação da secretária de educação de Pirambu é punir de forma generalizada os profissionais da educação e tachá-los de irresponsáveis e incompetentes. E o pior é que ela, Dona Maria de Lourdes, nem sequer tem a curiosidade de se informar sobre o que realmente acontece dentro das unidades de ensino de Pirambu, para em seguida tomar providências, vai seguindo as orientações de pessoas que agem de má fé e só tem interesse de tirar proveito das situações. E o curioso disso tudo, é que alguns “companheiros” se prestam ao serviço de contribuir com essa situação de miséria, pois ficam bisbilhotando a vida do outro esquecendo muitas vezes dos seus afazeres dentro do seu setor de trabalho.
As autoridades ligadas à educação em Pirambu esquecem que as escolas estão sucateadas, que o transporte escolar é mal conservado, que as estradas estão entregues às baratas, que tem crianças andando a pé para irem à escola, enfim que o nosso Ideb está lá embaixo. E apesar disso tudo, há quem defenda que  tudo está perfeito e que a culpa é dos professores. Que nojo! A perspectiva pedagógica anda a léguas de distância da pauta de ações do poder público municipal. Tantos projetos pensados, escritos e esquecidos à revelia dos interesses políticos que “empesteou” a administração pública em nosso município.
Abaixo o autoritarismo, a insensibilidade, a politicagem, a mesquinhez e aos modelos obsoletos de gerenciamento de grupos!
Fiquem em paz.
Profº Agnaldo dos Santos Silva – resistente às intempéries da administração pública de Pirambu.

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