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quinta-feira, 7 de abril de 2011

PIRAMBU: O retrato do esquecimento

A falta de investimento é notada a começar pela Orla do município, que não tem a menor preservação da prefeitura, o esgoto do município, inclusive é despejado no rio, poluindo-o e afetando a pesca, principal fonte de renda dos moradores. O lixo é outro alvo de critica da população. No povoado Aguilhadas, a equipe de coleta de lixo, mas após flagrar uma rua interditada pelo lixo a equipe do CS flagrou o veículo de coleta transportando pessoas ao invés do lixo.

Nem mesmo a beleza natural do litoral sergipano consegue esconder o estado em que se encontra o município de Pirambu, administrado pela primeira e última (grifo nosso) vez por José Nilton de Souza. Basta circular por lá e logo nota-se a necessidade de investimentos em infraestrutura, a começar pela Orla do município, que deveria ser um grande atrativo turístico, nada mais é que uma prova do esquecimento do poder público. Segundo moradores não há nenhuma ação de preservação por parte da prefeitura, o local estaria inclusive sem iluminação.“A orla não é um espaço de lazer, muito menos um lugar bonito de ser visto por ninguém porque precisa de reforma. A noite é tudo escuro e é o maior perigo passar pela Orla porque a gente fica com medo de assalto ou algum marginal querer fazer alguma maldade com a gente, que é mulher. O prefeito pintou a quadra de esportes e fica dizendo para todo mundo que reformou. Vá lá para ver como está a Ola, se acabando”, conta a moradora Gilda Santos.

De acordo com outro morador do município, Givaldo, não há uma obra inaugurada pelo prefeito com recursos do município. “Ninguém sabe o que ele faz com esse dinheiro porque todo mundo sabe que quem administra mesmo é o filho dele Rafael, que é o secretário de saúde do município”, ironiza Erivaldo.

Segundo a população outro motivo que estaria afastando turistas, visitantes e irritando os moradores dão as péssimas condições das estradas. Muitos povoados ainda são de estrada de chão e os que estão asfaltados tem verdadeiras crateras formadas no asfalto, como é o caso do trecho próximo ao povoado Aguilhadas, no caminho para o povoado Lagoa Redonda, local que já foi um grande atrativo turístico e que tem decaído gradativamente.“Eu ia passar carnaval com meu namorado lá em Lagoa Redonda, só que ele se recusou em ir afirmando que não iria quebrar o carro dele todo passando pelos buracos da estrada de lá, tivemos que ir para outro lugar. Está  uma coisa fora do sério porque além de tudo há o agravante da falta de qualquer tipo de sinalização, não há acostamento e a noite a situação fica pior com a falta de iluminação na estrada. Sempre tem acidentes e enquanto isso o prefeito finge que nada está acontecendo com a velha desculpa de que não tem verba. Tem que correr atrás e não ficar esperando cair do céu”, critica Lana Carina.

“Lixão”

A falta de coleta de lixo tem atormentado famílias do povoado Aguilhadas. Elas dizem que a prefeitura passa semanas sem realizar o serviço e quando o faz joga todo  lixo no meio de uma rua. A equipe do Correio de Sergipe foi até o local onde estaria sendo jogado todo o lixo do povoado e flagrou a rua interditada tomada por lixo. Logo em seguida um caminhão passou pela equipe, ma ao invés de carregar o lixo do povoado transportava pessoas.“É assim que eles tratam a gente. Nós é que pagamos a uma pessoa para atrair o lixo de nossas casas e tirar o lixo dessa rua porque a gente não quer pegar nenhuma doença, mas parece que a prefeitura não está preocupada com isso não, tanto é que o município está abandonando e carente em tudo e claro que os povoados sofrem mais com isso”, conta Rafael Pereira, que mora no povoado.

Já na sede, o motivo de reclamação são os entulhos colocados por moradores no meio das ruas, algumas ficam totalmente interditadas como flagrou a equipe do Correio de Sergipe na rua Elpídio Pereira e tantas outras, atrapalhando o tráfego e levantando questionamento sobre a falta de fiscalização da prefeitura, que estaria vendando os olhos para o problema.

No esgoto

Um sério problema em Pirambu é o problema do despejo do esgoto. São três pontos de despejo, um na orla, um no Porto e outro no manguezal, que estaria, inclusive, poluindo o rio e afetando a pesca. O que revolta a população é que sai uma administração e entra outra, ao invés de haver melhoria do problema, nada é feito para sanar esse problema que se arrasta há anos.“Todo o esgoto de Pirambu cai no rio. Muitos locais passaram a ser impróprios para banho e por ironia bem na Orla, que por sinal quem vai lá sente logo o mal cheiro. E quem mais sofre com isso são os pescadores que utilizam esse meio de trabalho para adquirir sua renda e sustentar suas famílias”, conta Joselito.“Todos os prefeitos dizem que o problema é sério, que é antigo, que precisa de muito investimento, mas não vejo ninguém fazendo nada e esse não é diferente não. Promessas de campanha todos têm na ponta da língua quando vão encher nossos corações de esperança, mas passado esse período é que a gente vê quem colocou no poder. 2012 tem novas eleições e tudo que estamos passando aqui em Pirambu servirá de experiência e será importante para nossa escolha”, alerta dona Vânia Silva.

Sem atendimento no posto de saúde

A área de saúde em Pirambu faz parte da grande listagem de queixas da comunidade. De acordo com ela falta material para curativos e medicamentos, o serviço ambulaorial é precário e falta médicos. “Eu mesmo já cansei de ir ao SESP e não ter ninguém para me atender, nem remédio tinha para minha pressão. A gente tem que agendar uma consulta meses antes, como se doença escolhesse hora , é um absurdo. Pode ir a qualquer posto e você vai ver que não vai encontrar médico. Essa Clínica de Saúde da Família mesmo é bonita, mas para mim é só de enfeite porque o atendimento é precário”, desafia a moradora dona Gilda.

A reportagem do CS foi a Clínica de Saúde da Família Sagrado Coração de Jesus, que apesar de estar com a porta aberta, não tinha absolutamente ninguém para atender. Na porta de vidro um papel colado com a informação. “Não haverá atendimento hoje devido ao falecimento da mãe de uma funcionária”.

Quando a equipe estava saindo flagrou uma senhora com sua filha entrando na Clínica e recepcionadas pelo vigilante que informou do não funcionamento, frustradas e visivelmente irritadas saíram do local. “A mãe de uma funcionária morre e o que a população tem a ver, por isso temos que correr o risco de morrer também. Isso só existe em Pirambu, é um desmando, uma afronta. Estou passando mal com a pressão alta que só faz piorar com essa contrariedade”, conta Socorro a equipe.

Justificativas

Sobre a falta de preservação da Orla o prefeito José Nilton de Souza reconhece que a orla precisa de atenção. “Estamos providenciando os devidos reparos. Devido à crise que a prefeitura passou nos últimos anos e ao fato da atual administração ainda estar organizando as contas do município, que não são pequenas, só podemos fazer algo agora”, explica. No tocante ao problema de despejo de esgoto José Nilton conta que já procurou o Ministério das Cidades e o Governo do Estado. “Trata-se de um problema que já vem se arrastando há anos. Pirambu cresceu para o lado norte e a rede de esgoto atual não consegue comportar o volume de despejos que toda a cidade produz. A gente acredita que a solução para este problema virá com a elaboração e execução de um grande plano de saneamento básico. Porém, estamos falando de uma obra cara para a atual condição financeira do município. Mesmo assim, não cruzamos os braços, pois reconhecemos a urgência do problema”, justifica.

Sobre os entulhos amontoados nas ruas o prefeito garante que a prefeitura orienta e fiscaliza as ações dos moradores. “Esse pedido é feito através de carro de som. No trabalho de coleta, já que se trata de materiais grandes e pesados, a prefeitura conta com a ajuda do Departamento Estadual da Infraestrutura Rodoviária (DER)”, garante.

Quanto às estradas ele rebate. “Em janeiro o DER fez uma operação tapa buracos em Pirambu e, na oportunidade, foi solicitada a estrada que liga os povoados Lagoa Redonda a Aguilhadas. A gente aguarda um posicionamento do DER, pois se trata de um trecho de responsabilidade do Estado”, aponta. Já no assunto saúde o prefeito reconhece. “A prefeitura não concorda com a atitude tomada pelos funcionários da Clínica e, depois que soube do ocorrido, conversou com a gerência da unidade para que fatos como esse não voltem a se repetir”, conta.

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